Aquí as bicicletas são práticas. Elas são geralmente pretas, com apenas algumas poucas marchas, paralamas, e muitas vezes um cesto - coisa que nenhum ciclista esportivo jamais sonharia em acoplar à sua mountain bike nos EUA. Na Holanda , eles vão ainda mais longe e instalam carrinhos especiais para levar os filhos ou compras e até para-brisas (!) para proteger as crianças. Mas claro, pedalar pelas ruas de Nova York com seus constantes buracos, lombadas e recapeamentos mal-feitos, é mesmo algo mais próximo de um esporte radical do que andar de bicicleta por aquí (em Berlim), onde, por algum motivo, a maioria das ruas é lisa como um tapete e não tem obstáculos, apesar dos invernos rigorosos. Hmmmm. Como eles conseguem fazer isso? Ou melhor, como o país mais rico do mundo não consegue fazer isso?
Alguns podem até dizer que ao construir ruas perfeitas, os alemães também eliminaram os obstáculos psicológicos de suas vidas cotidianas.
Se as ruas de Nova York são mais insanas e descontroladas então estas aquí são ruas que tomaram Prozac - civilizadas -, embora um pouco menos emplogantes. Mas por que nós nos EUA deveríamos ser forçados a andar por " ruas empolgantes?"
Já passei por Berlim várias vezes ao longo dos anos. Na primeira no fim dos anos 70, Berlim me parecia um lugar exótico e empolgante, um ícone da Guerra Fria. Eu me lembro de ter cruzado o bem vigiado corredor que ia de Berlim a Hamburgo - que na época nós víamos como um corredor polonês que atravessa parte da Alemanha Oriental - e depois passar pelo posto de checagem Charlie, o portão controlado pelos EUA no Muro de Berlim, com suas famosas histórias e propagandas mostrando tentativas desesperadas e fracassadas de fugas do leste. Ao mesmo tempo, havia também um quê de decadência evidenciado pelos vários bares punk e discotecas da Berlim Ocidental. Você sempre se lembrava de que estava confinado ali, um prisioneiro em uma ilha de luxúria, cultura e prazer - bem no meio da monotonia, sisudez e idealismo do leste. a cidade era provocadora, uma tentação. Imagino que devia ser mais divertido e um pouco insano morar por lá por causa disso..."
"Por ser quase totalmente plana, a cidade era, e ainda é, um lugar perfeito para se andar de bicicleta, embora os invernos possam ser bem gelados com os fortes ventos que sopram do norte. Berlim tem um ótimo festival de cinema que muitas vezes exibia filmes da Alemanha Oriental e de outros países cuja produção cinematográfica não era conhecida no Ocidente.
Alguns podem até dizer que ao construir ruas perfeitas, os alemães também eliminaram os obstáculos psicológicos de suas vidas cotidianas.
Se as ruas de Nova York são mais insanas e descontroladas então estas aquí são ruas que tomaram Prozac - civilizadas -, embora um pouco menos emplogantes. Mas por que nós nos EUA deveríamos ser forçados a andar por " ruas empolgantes?"
Já passei por Berlim várias vezes ao longo dos anos. Na primeira no fim dos anos 70, Berlim me parecia um lugar exótico e empolgante, um ícone da Guerra Fria. Eu me lembro de ter cruzado o bem vigiado corredor que ia de Berlim a Hamburgo - que na época nós víamos como um corredor polonês que atravessa parte da Alemanha Oriental - e depois passar pelo posto de checagem Charlie, o portão controlado pelos EUA no Muro de Berlim, com suas famosas histórias e propagandas mostrando tentativas desesperadas e fracassadas de fugas do leste. Ao mesmo tempo, havia também um quê de decadência evidenciado pelos vários bares punk e discotecas da Berlim Ocidental. Você sempre se lembrava de que estava confinado ali, um prisioneiro em uma ilha de luxúria, cultura e prazer - bem no meio da monotonia, sisudez e idealismo do leste. a cidade era provocadora, uma tentação. Imagino que devia ser mais divertido e um pouco insano morar por lá por causa disso..."
"Por ser quase totalmente plana, a cidade era, e ainda é, um lugar perfeito para se andar de bicicleta, embora os invernos possam ser bem gelados com os fortes ventos que sopram do norte. Berlim tem um ótimo festival de cinema que muitas vezes exibia filmes da Alemanha Oriental e de outros países cuja produção cinematográfica não era conhecida no Ocidente.
Atualmente Berlim é vista como o centro cultural da Europa. Bom, ao menos por alguns.
Berlim é linda no verão. Pela manhã , tento ir passear em Tiergarten, o enorme parque central da cidade e no zoológico, que ficou famoso com o nascimento de um pequeno urso polar em 2007.Em um dos antigos centros - pré segunda guerra, Postdaner Olatz, gigantescos edifícios de grandes corporações com Sony, Daymler Mercedes, Siemens e outras têm seus novos arranha-céus de aço e vidro na região. Alí perto , o novo centro do governo, trazido de Bonn para cá, também está tentando achar seu espaço. Um terminal ferroviário foi construído para a Copa do Mundo e, para isso, o rio foi desviado e depois canalizado de volta, funcionando hoje como uma moderna hidrovia no centro da cidade, onde turistas de todo o mundo se maravilham com as transformaçõse recentes na nova Berlim. Esse tipo de desenvolvimento não é nada orgânico; trata-se de um planejamento de uma cidade em uma escala gigantesca.
È um experimento colossal que suscita a seguinte pergunta: " Seria possível criar um centro urbano (espetacular) do zero?"
Passeio com minha bicicleta ´por Mitte, onde galerias e os cafés estão sendo atropelados por butiques de luxo, como aconteceu no SoHo em Nova York.
*David Byrne , Cantor, fotógrafo e escitor.
Diários de Bicicleta - Ed. Amarilys (pg(60) - Berlim
Diários de Bicicleta - Ed. Amarilys (pg(60) - Berlim
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