Diários de Bicicleta é uma síntese do livro com o mesmo nome, escrito por David Byrne ao longo dos últimos anos. Num estilo despojado que passeia entre ensaio, relato de viagens, diário pessoal e albúns de fotografia, David Byrne registra também suas reflexões sobre uma variedade de assuntos. O livro foi publicado no Brasil pela editora Amarilys.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O Futuro da Locomoção II

David Byrne*
Após o evento no Town Hall, o Departamento de Transportes me procurou para julgar um concurso para projetar novos estacionamentos de bicicleta para a cidade de Nova York. Concordei, e sugerí que embora precisemos de mais paraciclos individuais aquí e alí, é nos lugares onde as pessoas se reunem - ou se congregarão no futuro -que o assunto deve ser priorizado.
Cinemas multiplex, casas de espetáculos, escolas, feiras e parques onde os nova-iorquinos tomam banho de sol e se encontram precisam de muitos bicicletários, não apenas alguns paraciclos.
Em Williamsburg, um ponto de estacionamento ao lado da estação da linha L da Avenida Bedford - a principal estação de metrô que leva e traz os moderninhos de Manhattan - foi tomado pelo DDT e modelado para fazer uma área de estacionamento de bicicletas do tamanho de uma vaga de carro. Um bom número de bicicletas cabe ali, e está lotado a maior parte do tempo. Trocar uma vaga de carro aqui e ali por espaço para estacionar bicicletas parece prático - não há outroslugares que comportem um paraciclo grande, a menos que um prédio na vizinhança tenha praça.
Em Tóquio pedalei até um complexo que incluía cinemas, restaurantes, um museu e lojas finas. Ele tinha uma sala dedicada a estacionar bicicletas com mecanismos que possibilitam empilhá-las em dois andares. E gratuito. De certa forma, aquela sala foi construída para evitar que pessoas como eu prendam suas bicicletas em cercas e postes - lugares que poderiam causar engarrafamento de pedestres. Portanto , não é apenas 100% de altruísmo - é prático também.
Quando concordei em ser um dos jurados dos projetos de paraciclos, desenhei algumas ideias divertidas para suportes menores, cada um para um bairro específico de Nova York, e as passei para o DDT. Não eram propostas sérias, mas um incentivo para descontrair. Para minha surpresa , o DDT respondeu: " Vamos fazê-los! Se alguém pagar pela fabricação, vamos instalá-los".
Como estes paraciclos são únicos, eles não são mesmo oferecidos como uma solução para o problema das vagas para bicicletas. Mas eles chamaram a atenção para o assunto.
Alguns meses depois o verdadeiro vencedor foi escolhido - um projeto elegante e prático em forma de roda (foto).

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